Rede de Apoio

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Em briga de marido e mulher, devemos sim meter a colher. A omissão ou conivência frente a uma violência pode ser um fator decisivo, inclusive para a sobrevivência da pessoa violentada. Nesse sentido, o papel da família e amigos é fundamental para ajudar a mulher vítima de violência.

O acolhimento pode ser o primeiro passo para que essa mulher consiga denunciar a violência sofrida. Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Ipea mostrou que embora a grande maioria das pessoas entrevistas, 91%, concordam que um homem que bate na esposa deva ir para a cadeia, mais da metade, 63%, disse que os casos de violência dentro de casa devam ser discutidos entre os membros da família.

Esse contexto de tolerância social à violência muitas vezes “faz com que a mulher acredite que não vai ser levada a sério se buscar proteção, ou então que ela se sinta isolada e sozinha“, como explicado no relatório Violência Doméstica e Familiar, da Agência Patrícia Galvão.

O acolhimento da família e amigos também é muito importante para dar ajuda emocional para a mulher violentada. Sempre acreditar na vítima, manter-se ao seu lado, sem julgamentos, e encorajar a pessoa a seguir com uma denúncia são suportes fundamentais e necessários. Esse apoio será fundamental, inclusive, no momento da denúncia. Infelizmente a violência do Estado contra a mulher tem sido a falta de estrutura e preparo para lidar com as denúncias. Não raro, dentro da delegacia a mulher é desacreditada, julgada, levada a pensar que a culpa foi dela frente a violência sofrida. Isso se reflete no desencorajamento da vítima em fazer a denúncia e, inclusive, na subnotificação dos casos de estupro e violência doméstica. 

Por tanto, amigos e família, saibam que essa conversa também é de vocês. E, para isso, estar preparado é muito importante. Confira a seguir algumas dicas de como ajudar uma mulher que sofreu violência doméstica e/ou sexual e alguns projetos que podem ajudar com mais informações sobre o tema.

Como ajudar uma mulher em situação de violência:

A persistência das discriminações contra as mulheres revela a necessidade urgente de um profundo olhar sobre suas raízes. E essas raízes remetem à uma sociedade construída a partir de valores patriarcais, que estabeleceu uma relação de poder do homem sobre a mulher.

Enquanto essas relações de poderes e o machismo que as tangencia não forem discutidos e revistos, enquanto essas relações não forem reestruturadas, a violência continuará sendo normalizada e até legitimizada.

E é sempre bom lembrar que o machismo mora nos detalhes e faz com que as mulheres sofram muito mais do que violências físicas. Diariamente, a todo momento, vivemos diversos tipos de violências, seja por meio de discriminações, discursos e até mesmos gestos que parecem inofensivos, mas na verdade roubam nossa força, nosso espaço e limitam as possibilidades das mulheres.

  • Ao conversar com uma mulher vítima de violência, não a revitimize. Ou seja, não tente justificar a violência ou insinuar que ela poderia ter evitado aquilo. Acolha a pessoa sem questionamentos ou dúvidas. Lembre-se, a vítima tem sempre razão.
  • A denúncia de uma violência ou estupro diz respeito apenas à vítima (ao menos que ela seja menor de idade ou considerada incapaz). Não tente forçar a pessoa a fazer alguma coisa, pois isso também é uma forma de violência.
  • Caso a mulher queira denunciar, proponha acompanhar ela na delegacia. Além de ser um suporte emocional, você poderá também servir de testemunha no caso de alguma violação dos direitos da vítima.
    Informe-se sobre os direitos que a vítima possa ter, como medidas protetivas, como o encaminhamento para programa de proteção ou atendimento pelos diferentes serviços do Poder Público.
  • Coloque-se à disposição para ouvir a vítima. Estar bem informado sobre como proceder em situações como essas é muito importante, mas estar sempre aberto a acolher a vítima com muito respeito e sem julgamentos é fundamental.

Saiba mais

Chega de Fiu FiuO longa-metragem, lançado em 2018, trata da participação das mulheres nos espaços públicos, marcada por uma série de violências, em especial o assédio sexual, e examina como campanhas e outras dinâmicas criadas por ativistas e movimentos feministas no período de 2014 a 2017 têm modificado relações de poder entre homens e mulheres nas ruas e na internet. Através das histórias de Rosa, Raquel e Teresa, mulheres em contextos sociais e geográficos diferentes, o filme – que foi lançado em 15 de maio de 2018 – mostra que o corpo da mulher é violado e não tem o direito de existir livremente na rua sem a possibilidade de uma violência.

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